quarta-feira, 4 de abril de 2007

Observatório da imprensa - PRIMEIRO DE ABRIL










A longa história das "pernas curtas"

Por Deonísio da Silva em 3/4/2007

No Brasil, a introdução de "primeiro de abril, dia da mentira" deu-se em Pernambuco, no dia 1º de abril de 1848, com a estréia do jornal A Mentira.

O periódico começou com uma grande "barriga", como se diz na imprensa para designar uma informação falsa. Trazia a notícia da morte de D. Pedro II. A propósito, como seu tutor o liberava para brincar? Como não existia ainda a Xuxa para cantar "tá na hora, tá na hora,/ tá na hora de brincar,/ pula-pula, bole-bole,/ se embolando sem parar", ele deveria chamar o menino de Pedro ou Pedrinho, mas seu nome completo era Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Habsburgo.

O imperador Pedro II, acompanhado de todos os outros nomes que tinha, somente viria a morrer dali a 43 anos, em Portugal, no dia cinco de dezembro de 1891, já deposto, evidentemente, pois a República tinha sido proclamada a 15 de novembro de 1889 e ele rumara para o exílio.

A Mentira desmentiu a notícia do falecimento do imperador no segundo número, dia dois de abril de 1848. Como aconteceu a tantos jornais brasileiros, o jornal durou pouco: também teve pernas curtas, como diz o ditado italiano le bugie hanno le gambe corte (as mentiras têm as pernas curtas).

O jornal foi acumulando dívidas e mais dívidas e circulou pela última vez no dia 14 de setembro de 1849. Na última edição, marcava uma reunião com os credores, a realizar-se no dia 1º de abril de 1850, mas não existia o endereço indicado.

O menor Estado do mundo

Contudo, o folclore de primeiro de abril é de procedência francesa e remonta ao ano de 1564, quando o rei Carlos IX determinou que o ano começasse no dia primeiro de janeiro, em obediência ao calendário juliano – já adotado por vários países –, assim chamado porque o imperador Júlio César mudara o início do ano: de primeiro de março para primeiro de janeiro.

Porém, como quem realmente mandava na corte de Carlos IX era sua mãe, Catarina de Médicis, que o instigou à matança da noite de São Bartolomeu – ocorrida a 24 de agosto de 1572, quando cerca de 3 mil protestantes foram assassinados em Paris por uma turba de católicos enfurecidos –, a ordem para começar o ano no dia primeiro de janeiro de 1565 demorou a pegar e só começou a ser cumprida em 1567. Foi então que nasceu o costume de mentir no dia primeiro de abril, fazendo-se de conta que era ainda a passagem do Ano Novo do calendário até então adotado, entretanto já prescrito, pois o ano começava em primeiro de janeiro por força da mudança determinada pelo rei.

O calendário gregoriano, assim chamado em homenagem a quem o instituiu, o papa Gregório XIII, foi imposto em 1582 e começou aos poucos a imperar pelo mundo afora.

Até então eram adotados diversos calendários e em muitos países o ano-novo começava em dias diferentes, sendo mais comum começar no dia 25 de março. Os festejos de ano-novo duravam uma semana e terminavam justamente no dia primeiro de abril.

Célebres mentiras já foram pregadas na data, inclusive na imprensa, como a de que a minúscula república russa de Djortostão doara seis metros quadrados de seu território a uma república vizinha para arrebatar do Vaticano o título de menor Estado autônomo do mundo.

Uma não-mentira trágica

O escritor Bernardo Guimarães era contumaz pregador de mentiras de abril. Em 1851, aproveitando- se de que o colega Álvares de Azevedo andava muito pálido, organizou seu velório, com a aquiescência do falso defunto, também brincalhão. Recolheu numerário para as despesas funerárias e, em companhia de outros colegas, foi refestelar-se numa taberna de São Paulo. Quando os doadores descobriram a mentira, já era tarde. E quem apareceu na festa foi o fantasma do poeta, dizendo: "Eu faço o papel de morto para vocês se banquetearem? Vou também regalar-me."

Álvares de Azevedo, então com 19 anos, morreria de tuberculose em outro abril, dia 25, dois anos depois.

Bernardo de Guimarães mentia tanto que certa vez chamou o médico para atender o filho que havia tomado veneno e o doutor pensou tratar-se de mais uma mentira. O moço morreu e o autor de O Seminarista e A Escrava Isaura caiu numa depressão da qual nunca mais se recuperou.



Achei muito interessante esse texto. Eu brinco com esse dia primeiro de abril mais nunca soube porque aquele dia era considerado o dia da mintira. Agora eu sei!!!!!!
muito legall!
Aproveitem o texto e nao deixem de comentar!
bjos

3 comentários:

Moema Rabelo disse...

entao vc é mentirosa????
Coisa feiaaaaaaaaaa!
HAHAHAHAHAHAHAAHAAHA
TE SEGUNDA FEIOOOOOOOOSA!
Beeeeeeeeeijos!!!

Priscila Drummond disse...

Oie,
acho que no Brasil não precisava de "dia da mentira", considero que esse dia ocorre todos os dias, não precisa de uma data especial. hehehe, lembra do André falando? Tudo que a gente diz, 99% é mentira.
hehehhe
bjos

Anônimo disse...

Oie, adorei o texto muito criativo, seu blog também está ótimo!
Deixa recado no meu quando puder...
Bjim